Eco(a)

Caroline Quixabeira

Imagens vazias de uma mente vaziamente cheia,

Não tem o que pôr no papel, mas

 

Tudo se passa com uma caneta

Vazia de tinta.

A escrita fura o papel

E o que deixa lá?

 

A caneta corre emperrada

Deixando marcas sobre a folha

Como um arranhão sobre a pele.

Parece doer, mas o efeito é nulo.

 

O que era para significar

Ecoa no corpo vazio.

Uma carne-caverna em que os órgãos

Esfarelaram

e sujaram os pés. Nulo.

 

Na carne-caverna

Que ela é.

A caneta arrasta

Papel, pele, vermelho, gota de sangue?

Emperrada corre dura e apressada.

 

Dedo, mão, braço, garganta, lábios, língua e cai.

Mais um eco na carne-caverna.

Imagem: @henn_ki > https://www.instagram.com/p/CEwKrUxhvb7/?utm_medium=copy_link