Entre pedras e eu, rochas.
Rafaela Oliveira
Durmo engasgada,
acordo vomitada
esquecida,
enredada.
Da boca,
tocam o corpo,
erotizam as conchas
da minha orelha,
adentram cutículas mal comidas,
gemem em pele.
Surrupiam o que guardei
sob vinte e quatro chaves.
Latem,
mordem,
me arrancam dentes,
rasgam minhas gengivas,
são ahs, são ohs,
bc e d, ré, mi, fá e o sol;
Mas nenhum som,
carta ou sinal de fumaça,
é capaz de encontrar
o cheiro
que te rocha.
Quem fala com pedras,
com pedras será ferido.
Imagem: https://pixabay.com/pt/photos/parede-de-pedra-alvenaria-costura-3558499/
Que poema forte!
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